Profissionais da saúde e segurança do trabalho detalham como a prevenção e treinamentos podem salvar vidas
Everaldo Miranda, trabalhador que realizou treinamento da NR33. |
De acordo com os recentes
dados divulgados pelo Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho (AEAT), em
2017 ocorreram 549.405 acidentes de trabalho em todo o país. Desses, 30.025,
equivalente a 5,46%, aconteceram no setor da construção civil, assim como o
número de afastamentos do emprego, por mais de 15 dias devido as atividades
profissionais, somaram um total de 142.782, sendo 11.894 profissionais da
construção civil, o que representa 8,3% do total.
Durante a pandemia da
Covid-19, o setor de construção civil foi um dos que mais contratou, sendo o
segundo setor da economia brasileira que após 8 meses de pandemia manteve o
nível de emprego formal em alta. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados
e Desempregados (CAGED), publicados dia 30 de setembro deste ano, a construção
já gerou um saldo positivo de 58.464 vagas.
O nosso médico do trabalho e gestor da Trabt Medicina e Segurança do Trabalho, Dr. Renan Paiva
Moreno, afirma que 40,31% dos exames ocupacionais realizados em 2020, foram admissionais. “O setor que mais realizou exames admissionais foi o da construção civil, seguida de prestação de serviços e alimentação. Mesmo com a pandemia, tivemos um número maior de exames admissionais comparado aos outros tipos de Atestado de Saúde Ocupacional (ASOS), sendo 27% o número correspondente aos exames demissionais e 22% aos exames periódicos”, detalha.
O engenheiro de segurança do
trabalho, Rodrigo Augusto Soravassi, também atuante aqui na Trabt Medicina e
Segurança do Trabalho, diz que a natureza da atividade na construção civil é
perigosa e precisa de atenção. “A taxa nacional de mortalidade no trabalho é de
5,21 mortes para cada 100 mil trabalhadores, já na construção civil a taxa é de
11,76 casos para cada grupo de 100 mil. Entre as principais causas de acidentes
estão: impactos com objetos, quedas, choques elétricos, soterramento ou
desmoronamento”, informa.
Grande parte desses acidentes poderiam ser evitados com o devido treinamento dos profissionais e também com o uso correto dos equipamentos de proteção individual (EPIs). “A construção civil é uma área na qual o trabalhador fica exposto a espaços confinados ou de altura e produtos nocivos à saúde, então, é preciso treinamento correto e também a utilização dos EPIs. A prevenção é o caminho para salvar vidas”, diz Soravassi.
O Poder Legislativo e
Judiciário obriga que empresas que possuem empregados regidos pela Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT), executem as Normas Regulamentadoras (NR)
obrigatórias para a segurança e saúde de seus colaboradores. Existem duas NRs
de extrema importância para a construção civil, a NR33, a qual realiza o
treinamento do trabalhador em espaços confinados, e a NR35, que é o treinamento
para atuarem em espaços acima de 2 metros.
Ambas têm seu treinamento
dividido em duas etapas: a teórica e a prática, além de conterem cargas
horárias diferentes para cada cargo. “Cada uma das profissões demanda um tempo
específico para treinamento. No caso da NR33, por exemplo, são 16 horas para a
formação de trabalhadores autorizados como os vigias, e 40 horas para
capacitação de colaboradores como supervisores de entrada. Ressaltando que as
duas profissões devem receber capacitação periódica a cada 12 meses, com carga
horária mínima de 8 horas”, explica o engenheiro de segurança do trabalho, um
dos responsáveis pelos treinamentos na Trabt.
Aqui na Trabt, os treinamentos são
realizados de acordo com a realidade do trabalhador, simulamos as condições
de trabalho para que o curso seja realmente proveitoso. “Recentemente
investimos em novos equipamentos, para que eles saiam daqui realmente sabendo
como proceder no dia a dia e, assim, manter a segurança deles e dos colegas de
trabalho”, comenta Dr. Renan.
Everaldo Miranda recentemente
passou por um de nossos treinamentos e diz que teve um aprendizado
satisfatório. “Aprendi bastante, na prática eu já tinha exercício, mas aqui
aprendi a forma correta. Eu não sabia
usar os EPIs, nem tinha costume de colocar capacete, óculos e as luvas. As
amarrações que eu fazia, eram diferentes e também tínhamos a nossa disposição
alguns equipamentos que não sabíamos utilizar. Hoje, vou sair daqui sabendo e
me sentindo muito mais seguro”, comenta o trabalhador.
O foco principal desses
treinamentos é resguardar as vidas desses profissionais, além de incentivá-los
a usarem os EPIs, mostrando como os devidos equipamentos facilitam o trabalho e
também garantem a segurança de todos.
“Um dos nossos objetivos com
os treinamentos é ensinar o trabalhador sobre a utilização dos equipamentos e
que ele reconheça se a empresa possui todos os necessários, caso não tenha, que
ele incentive seu empregador a adquirir, sabendo que a lei também o assegura
dessas aquisições. Vale ressaltar que a gestão de segurança e saúde deve ser
planejada, programada, implementada e avaliada, incluindo técnicas de
prevenção, medidas administrativas e pessoais, além de capacitação para
trabalho em espaços confinados e em alturas”, finaliza Soravassi.
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