Dia Internacional da Mulher: Veja a trajetória da Dra. Regina Maria Caramuru Moreno, sócio-fundadora da Trabt
“Comecei a trabalhar por volta dos oito anos de idade. Mesmo com
meu pai me dizendo que não havia necessidade, eu persisti na ideia! Ele já nos
dava uma vida modesta com o salário de professor, não queria frustrá-lo apenas
por alguns supérfluos de criança”, relata Dra. Regina Maria Caramuru Moreno, nossa
fundadora, sobre os primeiros passos de sua trajetória até estar à frente de
uma empresa líder e referência regional em saúde e medicina do trabalho, da
qual ela é médica fundadora e onde o contingente feminino é majoritário.
Apesar de bastante afirmada como uma data comercial, o
dia 08 de março não é um dia escolhido exclusivamente para presenteá-las com
belas flores e chocolates, reverberando a ideia de serem “a fragilidade do
sexo”, como muito se é pregado no imaginário da sociedade. Na verdade, o Dia
Internacional da Mulher serve para lembrar de importantes conquistas feitas por
grupos femininos que garantiram a igualdade entre os gêneros em termos
políticos e no mercado de trabalho, e que, hoje, continuam realizando
conquistas sociais.
“Eu, mulher, fui a única a sair de casa. Meu pai batalhou muito para me ajudar a seguir meu desejo: fazer faculdade de Medicina. Lembro do dia em que ele me trouxe a essa cidade. Éramos nós dois em um ônibus saindo de Leme com destino à Sorocaba, quando, em determinado momento, ele me mira com os olhos e questiona se era mesmo o que eu queria fazer. Eu apenas afirmei. Naquele dia, meu pai me deixou um olhar ansioso, e eu fiquei, aqui... por conta própria. Estava correndo atrás de realizar o que eu queria”, relata Dra. Regina.
Anos depois, ela de fato conseguiu realizar o que queria:
entregou, emocionada, o seu diploma aos pais. Mas não parou por aí. Ela ainda
se especializou em medicina do trabalho, área que na época não tinha muito
valor; o que a deixava desanimada. “Só continuei meu curso por ter sido apoiada
nas palavras de incentivo de meu pai”, que, infelizmente, viria a falecer de um
infarto fulminante dias depois dos conselhos dados a filha. Crente na visão que
seu pai tinha sobre o futuro do mercado de trabalho, ela persistiu, mais uma
vez. Após ter terminado a especialização e ter sido aprovada pelos órgãos
médicos competentes, Regina foi negada por uma empresa na vaga em Medicina do
Trabalho, por conta do sexismo ainda muito forte na época. “Me disseram que não
era recomendável ter uma mulher em uma empresa onde só haviam homens na área”,
relata ela sobre a situação.
“Mas eu não desisti, continuei trabalhando em outras empresas até
que ocorreu uma grande procura por médicos dessa área no mercado. Por fim,
tiveram que aceitar mulheres nesses cargos, justamente pela falta de homens
especializados nesse ramo”, afirma Regina, que também relata ter convivido em
um ambiente em que precisava comprovar, constantemente, a sua eficiência,
independente da condição feminina. “Tínhamos que comprovar que nossa
qualificação era igual aos dos homens, que éramos competentes. Graças a Deus,
posso dizer que apesar de tudo, sempre fui respeitada e valorizada, com muitos
elogios, pelo trabalho que fiz ao longo da minha vida profissional”, finaliza,
com orgulho.
O marco do 08 de março na História
Historicamente, a data marca um protesto organizado por um
operariado feminino que levou o estopim a uma revolução ocorrida em 1917, pelas
ruas de São Petersburgo, na Rússia. O evento ficou marcado como o protesto “Pão
e Paz”, o episódio mais importante da Revolução Russa. Estima-se que, naquele
dia, mais de 90 mil mulheres operárias reivindicaram seus direitos trabalhistas
e se opuseram às ações abusivas do Czar Nicolau ll, o tirano da época. Porém,
essa não é a única e muito menos a primeira revolta a acontecer que marcou o
dia de 08 de março.
Os atos de subversão de grupos femininos, em busca de direitos,
podem ter tido seu início durante a Revolução Francesa, em 1789. O episódio
ficou conhecido como “a marcha das mulheres no mercado”, onde algumas
idealistas, guiadas pelos pensamentos iluministas, buscaram reivindicação de
seus direitos de cidadania, exigindo o cumprimento das petições junto ao rei.
Já a data de 08 de março de 1857, é marcado como o dia em que operárias da
indústria têxtil de Nova Iorque se mobilizaram contra as más condições de
trabalho e longas jornadas, as quais foram reprimidas pela polícia. Em 1908,
ainda em Nova Iorque, também em um dia de 08 de março, outra geração de
trabalhadoras de fábrica lutaram contra a exploração e desigualdade que lhes
eram impostas. No último século, inúmeras outras revoltas e lutas organizadas
pelo poder feminino ocorreram.
“Acredito que atualmente essa barreira tenha sido vencida pelas mulheres que atuam em vários ou até todos os segmentos ocupacionais. Lógico que, infelizmente, ainda nos deparamos com alguns preconceitos, mas bem menos que no passado”, comenda Dra. Regina.
Escrito por Pedro Camargo / JF Gestão de Conteúdo
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